Como medir a Pegada de Carbono da sua empresa

Sua empresa no Brasil pode expandir sem piorar o aquecimento global. Com florestas sob ameaça e novas leis controlando emissões, calcular a pegada de carbono vira ferramenta essencial. Ela destaca pontos de desperdício, corta despesas com energia e alinha operações com regras nacionais. 

Lembre das metas do Brasil: redução de 53% nas emissões até 2030 e entre 59% e 67% até 2035, comparado a 2005, como definido na Contribuição Nacionalmente Determinada atualizada em 2024. Isso pressiona indústrias a agir rápido, transformando obrigações em ganhos reais.

O que significa a Pegada de Carbono para os negócios brasileiros?

Essa conta soma emissões de gases de efeito estufa, em equivalente de CO2, ligadas às atividades da empresa. Inclui desde diesel queimado em caminhões próprios até efeitos de fornecedores e descarte de resíduos. Para fábricas ou transportadoras no país, isso abrange energia em linhas de montagem e rotas de entrega, considerando nossa matriz majoritariamente hidrelétrica.

Razões para Calcular no Contexto Local

Mapear as emissões de carbono permite identificar formas de economizar, como otimizar frotas com biocombustíveis amplamente disponíveis no Brasil. Além disso, atende ao Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), instituído pela Lei nº 15.042, de dezembro de 2024. Empresas que emitem acima de 10 mil toneladas anuais devem reportar seus dados, enquanto aquelas acima de 25 mil toneladas precisam negociar cotas de emissões.

Essas práticas, alinhadas à Política Nacional sobre Mudança do Clima de 2009, atraem financiamento verde e valorizam a imagem da empresa junto a clientes que priorizam marcas ambientalmente responsáveis.

Entenda o GHG Protocol e Sua Divisão de Emissões

Para organizar esse cálculo de forma confiável, empresas brasileiras adotam o GHG Protocol, um padrão global adaptado localmente pelo Programa Brasileiro GHG Protocol, gerenciado pela FGV e WRI Brasil.

Ele ajuda a medir emissões de modo padronizado, com mais de 670 organizações participantes no ciclo de 2025. O protocolo divide tudo em três escopos, facilitando a análise no nosso contexto de energia renovável e cadeias longas de suprimentos.

  • Escopo 1: Emissões diretas de fontes próprias, como gás natural em caldeiras ou diesel em veículos de frota.
  • Escopo 2: Indiretas de energia comprada, como eletricidade de usinas hidrelétricas ou termelétricas.
  • Escopo 3: Outras na cadeia de suprimentos, de frete terceirizado a viagens de equipe.

Aqui, o escopo 3 impacta mais em setores com fornecedores regionais, como agroindústria.

Passos iniciais para calcular a pegada de carbono

Use dados da sua operação para começar:

1. Defina o alcance e o período

Determine o escopo do mapeamento, incluindo a sede, filiais ou ambas, e utilize o ano fiscal como período de referência. Siga as diretrizes do GHG Protocol, adaptadas ao Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), conforme a Lei nº 15.042/2024.

2. Coletar dados locais

Reúna informações detalhadas em uma planilha simples, considerando fontes de emissões comuns no Brasil:

  • Energia: Consumo de eletricidade (kWh) e gás natural (m³).
  • Combustíveis: Litros de diesel ou etanol usados em frotas ou equipamentos.
  • Viagens de negócios: Quilômetros percorridos em aviões ou ônibus.
  • Resíduos: Toneladas descartadas em aterros.
  • Compras: Quantidade de insumos adquiridos ou frete contratado.
  • Água e refrigeração: Avalie se geram emissões significativas.

Nota: Fatores de emissão variam por estado. Por exemplo, indústrias como a siderurgia devem considerar o uso de carvão, presente em cerca de 3% da matriz energética nacional (termelétricas).

3. Aplicar fatores de emissão

Converta os dados coletados em toneladas de CO2 equivalente (tCO2e) utilizando fatores oficiais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) ou do IPCC.

Por exemplo, para diesel, aplique 2,68 kg CO2e por litro, amplamente usado em frotas brasileiras.

4. Somar por escopo e validar

Agrupe os resultados por escopo (1, 2 e 3, conforme o GHG Protocol) e valide os cálculos com uma auditoria interna ou externa. Compare os resultados com anos anteriores para monitorar o progresso e identificar tendências.

5. Avaliar e planejar reduções

Compare as emissões com médias setoriais divulgadas pelo IBGE para contextualizar o desempenho. Planeje ações práticas, como:

  • Adotar veículos híbridos flex com etanol, incentivados por benefícios fiscais no Brasil.
  • Reduzir emissões do escopo 2 em até 10% com medidas de eficiência energética, como modernização de equipamentos ou uso de fontes renováveis.

Fórmula Simples

Emissões = atividade × fator local

Atividade é o consumo real; fator vem de fontes como o Sistema Interligado Nacional, que reflete nossa dependência de hidrelétricas.

Detalhes do Escopo 1

No escopo 1, você lida com emissões que saem diretamente das suas instalações, como a queima de diesel em caminhões de entrega ou gás em fornos de fábrica. Isso é comum em transportadoras ou indústrias que dependem de frota própria no Brasil, onde o diesel ainda domina estradas longas.

Para calcular, identifique fontes como veículos ou caldeiras, meça o consumo – digamos 5.000 litros de diesel – e multiplique pelo fator de 2,68 kg CO2e por litro. O resultado sai 13.400 kg CO2e.

Em um exemplo real, uma frota queimando 10.000 litros de diesel libera 26,8 toneladas. Já para siderúrgicas usando carvão, que supre parte da energia aqui, 100 toneladas com 24 GJ por tonelada e fator de 94,6 kg CO2e por GJ dão 226.944 kg CO2e.

Detalhes do Escopo 2

O escopo 2 cobre emissões de energia que você compra, como a eletricidade que alimenta suas luzes e máquinas. No Brasil, isso fica baixo graças às hidrelétricas, que formam mais de 60% da matriz, mas sobe em meses secos com termelétricas a gás ou carvão.

Registre o consumo, como 100.000 kWh, e use o fator do MCTI para abril de 2025: 0,0289 kg CO2e por kWh. Multiplique e chega a 2.890 kg CO2e, ou 2,89 toneladas – valor modesto que reflete nossa energia renovável.

Para uma fábrica maior com 1 milhão kWh, o total fica em 28.900 kg CO2e, ou 28,9 toneladas. Ajuste com dados mensais do MCTI, pois varia com o clima e despacho de usinas.

Detalhes do Escopo 3

O escopo 3 captura emissões indiretas na sua cadeia inteira, divididas em 15 categorias upstream e downstream pelo GHG Protocol. No Brasil, isso ganha força em negócios com fornecedores distantes, como no agro com transporte rodoviário.

Upstream inclui bens comprados, como insumos de fornecedores locais, transporte de materiais via caminhões e resíduos indo para aterros. Downstream cobre entrega de produtos, uso pelos clientes e descarte final.

Para viagens de negócios, calcule 10.000 km de avião vezes 0,15 kg CO2e por passageiro-km, resultando em 1.500 kg CO2e. Em compras, 200 toneladas de cimento vezes 0,15 kg CO2e por kg dão 30 toneladas.

Normas como ISO 14064 garantem conformidade com o SBCE.

Neutralize Emissões com Tokens da 4Rest

Agora que você tem os números da sua pegada de carbono, imagine equilibrar isso com ações reais na Mata Atlântica. Cada token da 4Rest, a partir de R$ 5 por metro quadrado, preserva uma área que faz diferença: um m² pode capturar até 2 kg de CO2 por ano em florestas em recuperação, além de evitar a liberação de 40 a 50 kg de carbono estocado, segundo estudos da Embrapa.

Isso não só compensa emissões, mas protege biodiversidade, purifica água e fortalece ecossistemas locais – tudo rastreável via blockchain na Fazenda Capão Seco, no Paraná, com 50 hectares intactos.